Por que Alagoas é o segundo estado que menos desmata a Mata Atlântica?
- Minha Sereia
- 20 de nov. de 2019
- 3 min de leitura
Por: Daniel Tavares

O desmatamento de forma desenfreada quase pôs fim a Mata Atlântica. Na década de 70, Alagoas contava com uma área remanescente equivalente a apenas 3,5% da floresta. Quase 50 anos depois, com a sustentabilidade cada vez mais em evidência, o estado se destaca como o segundo do Brasil que menos desmatou o bioma.
Mas os desafios continuam e ainda há um longo caminho a ser percorrido. Dados da ONG SOS Mata Atlântica mostram que, em 2018, Alagoas esteve entre os cinco estados em que o nível de desmatamento foi zero. Essa classificação é dada quando são registrados menos de 100 hectares desflorestados, o que é equivalente a 1km². Alagoas ocupa a segunda posição, com 8 hectares de desmatamento.
Especialistas atribuem a recuperação florestal no estado ao trabalho desenvolvido pelos órgãos ambientais, ONGs e do setor sucroalcooleiro, que compreendeu os prejuízos causados com a destruição da mata e passou a investir no replantio, após anos de devastação.
A Mata Atlântica alagoana abrange uma área correspondente a 54% do território estadual, se expandindo por todo litoral e atingindo até as imediações do município de Arapiraca, onde já começa a zona de transição para o Sertão, no qual o bioma predominante é a Caatinga.
A conscientização do setor privado

A atuação do setor sucroalcooleiro é destaque na preservação e no aumento da cobertura vegetal da Mata Atlântica. As usinas de cana-de-açúcar preservam animais, cultivam viveiros e realizam ações de educação ambiental com a comunidade nas matas que são resultantes do próprio reflorestamento.
A Usina Coruripe é referência na questão sustentável e foi a primeira empresa alagoana que recebeu o selo de Amiga da Mata Atlântica, concedido pelo Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, devido às ações de conservação e uso sustentável da mata desenvolvidas pela usina. São cerca de 7.500 hectares que integram a área de mata conservada.
A Reserva Ecológica Santo Antônio, na cidade de São Luiz do Quitunde, era considerada um local improdutivo, onde a preocupação ambiental ficava em segundo plano. Foi necessário mais de uma década para transformar o espaço em uma Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN), reconhecida até Unesco.
A participação da sociedade

A iniciativa deu certo e hoje os moradores da região reconhecem as ações desenvolvidas e colaboram com as atividades sempre que são convidados. São frequentes as visitas de alunos de escolas da região, ou de outras partes do estado, para participarem de palestras, minicursos e oficinas.
Além de atividades educativas, os visitantes da reserva podem percorrer uma trilha com cerca de um quilômetro de extensão por dentro da área de mata. Durante o percurso é possível sentir a respiração mais leve com o ar puro, além de ver animais e plantas exóticas, principalmente nas Reservas Garabu e Serra D'Água.
A batalha continua...

Ainda que os dados sejam positivos, as ONGs de preservação alertam para que a luta não perca força. De acordo com o Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, entre os anos de 2015 e 2016 foram desflorestados 259 hectares em todo o estado.
Enquanto no período de 2016 a 2017 houve uma redução de 56,8% em relação ao ano anterior na taxa de desmatamento da floresta nativa, com 11 hectares. Apesar de todos os esforços e avanços na área ecológica, Alagoas ainda precisa percorrer longos caminhos para virar de vez a página de um passado nada sustentável.
Além de políticas voltadas na área, a educação ambiental é uma fase fundamental nesse processo, para que as próximas gerações continuem e intensifiquem o trabalho que vem sendo realizado, evitando assim, que o fantasma do desmatamento de 50 anos atrás volte a nos assombrar no futuro.
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